Apresentação
O NOSSO COMPROMISSO
A NOSSA IDENTIDADE
Enquanto cidadãos sonhadores mas responsáveis, enquanto cidadãos que se pretendem membros da nova museologia, o nosso compromisso é, necessariamente, com o Homem enquanto criador, conservador e transformador de bens culturais. E, como a sobrevivência do Homem depende acima de tudo da Natureza, o nosso museu apresenta-se inevitavelmente comprometido com a manutenção do equilíbrio ecológico humano, não se identificando com a passiva opção de documentar a destruição do que é natural e cultural.
Se não nos propomos recordar e documentar apenas o que foi Coimbra à beira do seu Mondego, é porque não nos propomos deixar abater pelo pessimismo derrotista que não vê harmonia possível entre o progresso e a Natureza. “O progresso é natural” e a Natureza e o progresso humano podem e devem ser harmoniosamente celebrados.
Então, perante tantas ameaças ao património, que papel propomos ao nosso museu?
Como instituição interessada na preservação do património maior que é a vida, pretendemos uma documentação ativa e participante, para que não se perca a memória do destruído ou ausente, mas que sobretudo contribua para a fermentação de ações de defesa do património natural e cultural desta e de outras terras que deslizam e progridem à beira de um rio que, carinhosamente, em tempos, se alcunhou de Basófias.
Se todo o museu pode ser denúncia, praça pública, fórum de ideias e debates, ele pode também contribuir para o desenvolvimento do novo olhar museológico. Este olhar que pretendemos capaz de ver no rio e nas terras que percorre, no orgulho da sua Universidade e, em Santa Clara, do seu Convento de clarissas, nas lágrimas por uma rainha e na santidade das rosas de uma outra, no encanto do casario da cidade e nos seus botânicos jardins e floresta de choupos ou, ainda, nas memórias de um liceu junto à beira do Mondego plantado, um património inigualável pelo qual vale a pena lutar e ir para a praça pública em defesa.
As musas encontraram o espaço. Junto a um Portugal de pequenitos e das lágrimas de amor numa fonte derramadas, arregaçaram mangas, e, ainda confusas, mas deslumbradas com o espólio que, de em capas negras tão cantado, percorre o rio no eco das guitarras, querem por força celebrar o humano e o natural no projeto sonhado pela diretora com nome de rainha. E, é nas memórias de uma escola que já foi cultural e até sede de uma trupe teatral, aqui, no espaço do que foi um liceu a que se chamou D. Duarte, que se enquadra, compromete e identifica o novo museu aberto à cidade. E a ele, que se projeta e enraíza nas canoas do seu rio, se decidiu chamar, em honra das suas águas, o “Ecomuseu do Mondego”.
Graciete Moreira